Breves
Ritos de Iniciação: um debate necessário
Artigo de opinião
por Conceição Osório
A nossa inclusão na vida social é sempre feita através de rituais que traduzem formas diferenciadas de nos incluirmos, sendo assim um modo de afirmação de pertença a um grupo, a uma sociedade, a uma cultura.
Os ritos variam com os contextos sociais, com as épocas históricas e com as imagens e as práticas que em contínuo reajustamento constroem as nossas identidades, de grupo e individuais. Em muitas regiões do nosso país o enterro do cordão umbilical, a exposição à lua, as bênçãos dos mais velhos são o modo que os vivos e os que já partiram têm de nos acolher e proteger. A bem dizer, a vida é “arranjada”, “arrumada” e “acertada” por ritos, os pequenos e os grandes ritos: na entrada para a escola onde novos rituais nos esperam, o primeiro amor, o casamento, o primeiro filho, o sangue fundador que deixa de aparecer e finalmente a morte.
Esses ritos são estruturados por um aparato material e simbólico que lhes fornece a legitimidade, isto é, que os transforma em imperativos identitários. E quando olhamos para as identidades a primeira questão que se nos coloca, remete-nos (e desde o nascimento) para uma condição que tendo como ponto inicial a diferenciação sexual de natureza biológica, nos vai configurando como mulheres e homens. E a utilidade dos ritos é exactamente esta formatação de papéis sociais que oferecem à ordem social do grupo o conforto da sua reprodução.
Entre todos os rituais, os ritos de iniciação são porventura os mais determinantes e sem querer ser positivista, os mais “definitivos”. Marcando a passagem da infância para a idade adulta, os ritos de iniciação (rompendo com a neutralidade sexual) informam sobre as expectativas sociais. Estruturados por um grande aparato material e simbólico, eles “dizem” quem nós devemos ser, o que é lícito pensar, falar e experienciar.
No que às mulheres diz respeito os ritos de iniciação enroupados por um conjunto de cerimónias que indo desde as vergastadas às “beberagens”, ensinam que ser mulher é ser ausente enquanto sujeito, ser mulher é ser “para o outro”, ser mulher é “pacientar” a vida.
Mas os ritos de iniciação, tal como própria cultura, têm, pelo menos no nosso país, sofrido bastantes mudanças. Para já não falar das zonas onde já não se fazem (refiro as grandes cidades, ou parte das grandes cidades) porque outras formas de configuração de identidades vão sendo encontradas, hoje os ritos pouco têm a ver com os que se faziam à meia dúzia de décadas. As causas são muitas e complexas: vão desde a guerra, à deslocação e desestruturação/reestruturação familiar, até à influência cada vez maior de espaços e valores da modernidade.
Tal como acontece em relação a outros fenómenos, os ritos “modernizaram-se”: é comum hoje ver que as antigas matronas que dirigiam os rituais, são muitas vezes substituídas por mulheres que se arvorando em conhecedoras das cerimónias e dos ensinamentos oferecem os seus serviços a preços que variam com as posses das famílias. Ou seja, os ritos perderam o seu carácter sagrado, secreto e de partilha, para se transformarem num bem de troca, bem este cujo valor depende do mercado da oferta e procura. Os ritos são hoje serviços pagos (e bem pagos), e quanto mais tempo e mais completos forem, mais caros são.
O conteúdo dos ritos também mudou: realizando-se de forma muito mais simples, abandonando cerimónias mais complexas e dolorosas, os conhecimentos sumarizam-se. No entanto algo se mantém: as meninas aprendem que existem para servir: na cozinha, na cama e na machamba.
Porque os ritos influenciam negativamente no acesso e permanência das raparigas na escola, o Estado tem procurado dar respostas, conciliando, por um lado, o calendário escolar com as cerimónias de iniciação e, por outro lado, retirando dos ritos a aprendizagem sexual, considerada a sua carga mais negativa. Tudo o resto pode manter-se: o ensino da obediência cega aos adultos, o não questionamento das imposições dos mais velhos ou com mais estatuto e acima de tudo, que “estudar é bom, mas o bom mesmo é arranjar marido, ter casa e ter filhos”.
Não sei se as instâncias do Estado vão conseguir negociar o calendário e parte dos conteúdos dos ritos. Mas três inquietações permanecem: a primeira é que se se retira dos ritos o que se tem tradicionalmente considerado como uma das componentes fundamentais (o corpo é usado como e para quê), para que servem então os ritos?
A segunda inquietação é se os ritos de iniciação têm como função formatar a identidade feminina, com base numa estrutura de dominação, o que significa uma estratégia em que o Estado, à revelia da Constituição e das Leis Internacionais que ratificou, legitima a existência de práticas que acentuam e defendem a desigualdade entre mulheres e homens?
E por último: como resolver a contradição insanável entre ritos que ensinam e se fundamentam na passividade da mulher, com a finalidade social da escola e da aprendizagem, que se quer participativa e dialogante. Por outras palavras, como queremos ser cidadãs activas e intervenientes, capazes de reflectir sobre a vida e o mundo, se o que nos ensinam é a obediência e o medo à autoridade suprema do mais velho, do mais sábio e do mais poderoso?
é bem verdade que os ritos hoje sofrem uma grande influência da modernidade da dita globalização, que os valores e os tabus que existiam em torno dos ritos de iniciação praticamente já não existem.
se bem me lembro os ritos de iniciação eram feitos nos moldes do local de origem hoje, os iniciandos já tem direito a uma tv no local em que são “enclausurados”, ou seja, têm noticias do que se está passar no exterior.
a virgindade já não tem o mesmo valor que que tinha nos ritos para o caso de mulheres. então porquê não pensar muito bem nos maneira dos ritos tendo em conta a conjuntura actual, o espaço geográfico, as mudanças que estão ocorrendo no mundo com vista a não prejudicar a rapariga…
Recebi e agradeço os seus comentários sobre os ritos.
Fiquei particularmente interessada quando afirma que os iniciandos já vêem TV durante a realização dos rituais. Gostaria de saber qual a zona do país a que se refere e se tem algum trabalho sobre o tema. A WLSA vai publicar em breve um estudo sobre identidades sociais/sexuais dos jovens em contexto escolar e esse assunto está a ser tratado.
Cumprimentos,
Não concordo em haverem ritos de iniciação pork na modernidae não deviam de exixtir
Concordo plenamente, além de serem perigosos. Também são uma invasão de privacidade. Deveriam ser banidos ou serem feitos nos hospitais por profissionais.
Alguns ritos hoje em dia ja nao servem isso porque existem ritos que contribuem negativamente para a sociedade e esses ritos somos responsaveis de nao segui-los como a permanencia da rapariga na escola esse rito deve ser rejeitado visto que nao deixava a rapariga a progredir. mas os ritos como da obediencia devem continuar
Zefes
do geito que a sociedade ta hoje,talves anbas partes sao inportantes.deixar que as mulheres sejam escravas dos homens,e tanbem n fujir da nossa cultura que nos identificam.
Realmente em algumas comunidades deste vast Pais Mocambique e necessario que a questao dos ritos de iniciacao seja revista de uma maneira Coordenada atraves de foruns proprios por forma a se ver os aspectos devem ser revistos.
Nao quero ser machista e tar aqui a dizer que tudo esta mal ou bem, ha necessidade de envolvermos as pessoas de quem de Direito sem excluir a propria Juventude.
Osorio Mataria
Cabo Delgado
A Juventude tem que por mao na consciencia e mudar de comportamente valorizando os seus usos e constumes.
Se a juventude quer mudancas tem que justificar com algo que possa ser compriendido por todos e aceites.
Existem muitos habitos e costumes bons que devem ser resgatados por nos jovens
Mais aberta , mais comunicacao , mais dialogo conjunto, oportunidade para todos
os ritos de iniciação são uma prática que as comunidades que as fazem ou obedecem, conhecem o seu real valor, portanto, não cabe a uma pessoa que não conhece o real valor e significado dessas práticas querer criticar, contudo, e importante conhecer estes ritos e o seu significado. cada coisa tem o seu valor e quero acreditar que os ritos tambem os tem.
gostaria que falasem mais sobre a zona centro……….
Gostaria de perceber o impacto dos ritos de iniciacao no actual alto indice de prostituicao existente no pais? Quais as possiveis relacoes?
Victor Rodrigues – Cidade da Beira
no contexto social em que a gente se encontra, vive se um anbiente em que ha muita precipitacao para a tomada de decisoes que julgo serias, assim sendo julgo muito importante a pratica rituail para a iniciacao como forma de [preparacao do individou para a nova fase. tenho notado a falta de informacao para nova geracao citando me como exemple desta, pois aprendi a minha vida sexual na converssa da rua com amigos consequentimente tive tarde o real conceito do sexo, quanto ao respeito aprendi erando…
pensamentos da margem falou wawa o marginal
ola a to-dos ,bom no meu conceito eu acho que o rito de iniciaçao deveria se manter porque?
porque hoje em dia muita gente casa sem se quer cunhecer nada da vida ,para dia seguinte se
devorciar ,nao sei porque casam……se nos mulheres fossemos todas preparadas antes de ir ao lar
acredito que os nosso casamentos iriam durar,pois existe muita falta de respeito hoje em dia emtre os
casais e iso e pecimo,porque a pesar de tudo amam-se e com tudo isso quem acaba pagamdo sao os nosso filhos
eu ja fiz os ritos de iniciacao e de principio achei muito mau nao ter que aprender todas aquelas coisa com os meus pais, mais depois vi que talvez seria muito bom, me isolar e saber da vida tbambem fora de casa, é dificil mais é com base nisso que hoje sei as coisas que sei, ainda sou nova mais adiquiri muitos conhecimentos sobre a vida fora da casa dos nossos pais, é uma responsabilidade… sou de opiniao que deve se manter os ritos de iniciacao porque assim nao nos esquecemos de quem somos e para onde vamos. mesmo desenvolvendo é bom manter o que nesta sociedade consideram um elemento precioso para a vida no lar. muito agradecida
Oi ISIS ROQUE, eu concordo contigo, pena não ter a oportunidade para fazer o mesmo..
Se possivel, podes ajudar-me a ter a oportunidade de participar num rito de iniciação para que tbém possa ser iniciada?
Please.
Cada povo tem a sua cultura, os ritos de iniciacao sao tambem elementos culturais de um povo, so que estes nao podem estar alheios a desenvolvimento das sociedades.
Se é que estão bem recordados recentemente 50 rapazes e 37 raparigas, na Província nortenha de Cabo Delgado, foram submetidos a ritos de iniciação. E esta é uma prática que consiste em educar e preparar os jovens de modo a encararem os desafios da vida, sobretudo em assuntos conjugais. E a minha questão é: Porquê do desaparecimento desta cultura nalgumas comunidades a nível nacional? Embora é sabido que os ritos de iniciação variam de religião para religião, não só de de Província para Província e de um sexo para o outro. Todavia a educação dos jovens é tida como objecto comum em todos os casos, garantindo assim a integração dos jovens numa determinada sociedade ou comunidade a que pertence. Mas os ritos de iniciação tem um lado positivo a que já me referi que é de educar os jovens sobre a sexualidade. As responsabilidades da mulher para com o marido, para com a família do marido e para com as outras pessoas adultas que transmitem-se durante os ritos de iniciação. O lado negativo dos ritos de iniciação é o de colocar sempre a mulher numa posição de submissão à vontade do marido. Há no entanto, pessoas no nosso país que defendem que os ritos de iniciação são positivos porque mantêm uma certa estabilidade social e preservam certos valores. Muitas crianças que saem das zonas rurais cedo, a procura de instituições de ensino, carecem de acompanhamento por parte da família.
Os ritos de iniciação não são absolutamente negativos, na medida em que fornecem alguma informação, mas é preciso, no meu entender arranjar outras formas de educação dos jovens na nossa sociedade Moçambicana. O que acham?
porque fazem ritos de iniciasao .o que ganham com isso enquanto os rapazes e as raparigas nao cumpre .obrigado. erlia m. m
o rito de iniciação é um acto muito importante para algumas sociedades apesar da modernização que hoje verfica-se devido a globalização; mais é de salientar que o ritos é um ensinamento que os adolescente tem de saber como uma forma de ter um bom comportamento diante do seu marido ou da sua mulher. obrigada
Helena Juma Mário Fernando
Lamento a minha entrada extemporânea no debate, mas deixem-me contribuir também. Todas as opiniões que perfilaram por aquí convergem num ponto: A necessidade de preservação da nossa identidade. Na minha opinião, os ritos de inicição são fundamentais para a criação de uma sociedade que cultiva valores e respeita a vida humana. Muitos dos intervenientes falam sem conhecimento de causa porque nunca estiveram lá. Quem não passou por lá nunca vai saber o que é se aprende lá porque é proibido contar a outrém. Eu vos confesso, se todos passassemos por lá muitos problemas que afectam a sociedade seriam evitados ( crianças deitadas no lixo, crianças da rua, linchamentos, assassinatos, divórcios, amantismos, traições, roubos, abandono de idosos, etc). Eu não sou submissa mas sei respeitar e obedecer ao meu marido e por essa via ele também retribue e somos felizes há cerca de 25 anos. Os incidentes que surgem sabemos como enfrentar porque aprendemos como lidar com esses problemas da forma mais humana e sem violência.
Carmita Escova
eu acho que o estado tinha que ver qual é o sentido dos rituais de iniciação. porque tendo em conta que os nossos pais tambem passaram por ixo e de qual quer forma nao o acharam turtura entao porque eu pensar desta maneira?????
ERCULES
gostaria que o estado em coordenação com o ministério da educação, tenta-se criar um grupo que podesse ir ao terreno junto aos líderes comunitários, Pais encarregados de educação por forma a sensibilizar a população no seu todo sobre a calendarização das cerimónias rituais para a coerencia de acordo com o ano lectivo consagrado pelo ministério da educação.
GOSTRIA QUE A RELIGIAO CATOLICA COORDENA SE COM O MINISTERIO DA SAUDE,PARA PODEREM FALAR OS SECRETARIOS DAS ZONAS JUNTAMENTE COM ACOMISSAO DO ESTADO ADMINISTRATIVO PARA PODEREM CONSENTRALIZAR O CASO DAS CERMONIAS RITUAIS DESTE ANO CORENTE, AJUDANDO A POPULAÇAO EM GERAL OS SEUS GASTOS E A SUA AFILIÇAO
se os ritos de iniciação estivessem até hoje sido acompahados,os jovens de hoje seriam gentes com boa educação,pensamento e respeito.
Agora eu pergunto:onde estão aqueles ritos os meus pais foram ensinados????
gostei gostei dos ritos nao sei se e possivel mandar para o meu e-mail…………. Onildosanto@yahoo.com.br
No meu entender, as pessoas deveriam fazer os seus comentários com conhecimento de causa. Alguns o fazem para se divertir e não para contribuir de forma positiva ou de colher algum conhecimento que possa lhes valer a pena. Os ritos de iniciação, são uma parte das práticas culturais de um povo. São transportados de uma geração para outra, podendo, no entanto, serem introduzidas algumas variações conforme a evolução dos tempos. A modernização e a globalização não impedem as práticas culturais de um povo. Pelo contrário, ela aparece para facilitar até certo ponto para fazer uso dela nas práticas culturais.
Vejam a Africa do Sul ou a Suazilandia. Paises que fazem fronteira com Moçambique. O que faz os seus povos quanto à rituais? A modernização será que não chegou nesses paises?
Os ritos de iniciação que é o tema desta conversa, são aqueles que inculcam no homem e na mulher, os valores morais e duradouros tanto para a vida conjugal como o saber comportar-se na sociedade. Para as mulheres a fase começa na primeira menstruação e para os homens nos rituais de circuncisão.
Falo com conhecimento de causa. Fui circuncidado com 10 anos em Nampula.
Volto para conversar sobre o assunto.
eu penso que os ritos de iniciacao devem ser valorizados e acatados por aqueles que fazem parte da cultura onde e frequente essa pratica Mas deve se consciencializar as madronas no que concerne a inforamacao que e transmitida , porque actualmente a escola e o sol e a lua que ilumina os caminhos por onde as meninas devem trilhar dando lhe forcas pra enfrentar os desafios e obstaculos da vida, por sso que apesar de sentirem grandes corporalmente tambem devem sentirem se grandes na escola de modo a nao desistirem
Rito de iniciaçäo quer dizer iniciar ou aconselhar os adolescentes para melhor se enquadrarem na sociedade e serem capazes de enfrentarem as dificuldades da vida com normaldade.
Vejo que muitos dos comentários sáo de pessoas que näo passaram dos ritos de iniciaçäo, ou seja, de pessoas näo iniciada; logo, uma falsa e errada visäo ou percepçäo de todo o conjunto da iniciaçäo.
Eu reprovo a ideia de UNICEF em querer por fim este valor cultural. Se as pesoas que trabalham lá o que devem fazer é aproximar os povos aprenderem com eles e deixando de lado as criticas. como dizia a carmita que eu considero o melhor e real comentario que vi por cima, quem deve fazer boa abordagem desta materia sáo pessoas iniciadas. Voces que näo säo iniciados nunca väo saber tudo o que se fala lá porque as pessoas também sáo instruídas a näo comentar com os näo iniciados. Quer saber, que seja iniciado.
Vamos evitar esta nova colonizaçäo. O ocidente näo pode estar sempre a impor normas que muitas vezes acabam com os valores morais, eticos e humanos.
O que é valor cultural procuram eliminar a todo custo e o que näo serve promovem sempre.
Na iniciaçäo os adolescentes säo ensinados e aconselhados sobre toda a vida esde o nascimento até a morte, o que também inclui a educaçäo sexual e náo educaçao para o sexo como uito de voces confudem.
Se formos a ver, o norte do pais onde se pratica mais a iniciçáo tem menor seroprevalencia em relaçäo ao centro centro e sul do país. será que alguma vez já sentaram a reflectir sobre isso e o porque? que procurem concialiar o tempo escolar e da pratica da iniciaçäo como acontecem em alguns locais.
procurem educar a juventude a respeitar e a saber escutar os outros….
voltarei outra vez
frei Custódio,osm
quanto maior for a base, melhor sera a estabilidade, a nossa cultura e a nossa base em tudo como seres humanos, haja amor…josemuhale@hotmail.com
É muito gratificante que as pessoas tenham interesse em discutir os ritos, principalmente num momento em que a cultura começa a ser um recurso importante para conservar um determinado modelo de pensar e estar na vida.
Hoje muitas pessoas afirmam que os jovens não têm valores, são”mal educados”, “casam na rua” etc, etc. Parece-nos que é por aqui que devemos começar: em que medida os jovens são “mal educados” e “casam na rua”? Estando a construção das identidades em movimento, sendo elas fluidas, apropriando-se, renovando ou rejeitando a tradição, devemos começar por fazer juizos de valor, ou antes pelo contrário, interrogarmo-nos sobre os novos valores que estão a ser construídos pelos e pelas jovens?
E agora apenas uma palavra sobre os ritos (para animar o debate):
É certo que os ritos transmitem valores e iniciam-nos em práticas. A questão é que valores? os valores que nos formatam como mulheres e homens, é certo?
E como os ritos contribuem para isso? se somos homens aprendemos que a força é uma virtude e que a natureza nos fez para mandar. se somos mulheres aprendemos a servir, a obedecer, a “ser a mulher do dono”.
A pergunta que se impõe: é esta partilha dicotómica de direitos que queremos para nós, para as nossas filhas e filhos? é isto que nós chamamos de “boa educação”?
Todos temos medo do novo, do que abala o pensamento e os valores que sempre considerámos como imutáveis. Mas é preciso saber lidar com a mudança e não procurar parar o vento com as mãos.
Muitos comentários são valiosos e com cnhecimento de causa. Moçambique é um país com culturas divesificadas e cada uma concorre para a sua plenitude de acordo com os padrões actuais. fico indignada na maneira com os ritos de iniciação é entendida. Uma coisa fica clara: Para melhor conhecer os problemas, o seu inimigo, fique perto deles.
Para mim os ritos de iniciação fazem parte da cultura de um povo. Se tentamos acabar com eles, que identidade cultural teremos? Parem de dizer que nos ritos ensina-se sexo, isso é pura mentira. Mas como se comportar e defender-se aí sim. Fui iniciada e aprendi muito. paciencia, cigilo, respeito, higiene, trabalho, cuidados com a terra. Contudo o que deve se fazer é lutar para que algumas regiões estabeleçam calendários de iniciação fora do periodo lectivo. Espero que as minhas ideias sejam valiosas.
Valorizem os ritos de iniciaçào assim como o lobolo.
Lurdes Canhemba
Gostei de ouvir isso, essa e a mais pura verdade em nenhum momento ensinasse sexo nos ritos de iniciação mas sim como respeitar os mais velhos e como cuidar de si própria.
esse site e um saco
saudações a todos
o debate lançado pela Professora Osório é bastante rico em ideia (se querer passar por “escovinha”). a questão das influências que os rituais sofrem com o passar dos anos e com o processo de globalização preocupa-me muito, é algo sobre o qual busco subsídios por forma a enriquecer as minhas ideias sobre o assunto.
sou de opinião que os ritos de iniciação devem ser preservados, apesar ñ ter tido a oportunidade de passar por eles – como sabemos nem todos grupos étnicos tem os ritos de iniciação como referência. eles enquadram-se no processo de socialização dos indivíduos, pelo que andei a ler é um processo rico em aprendizado social, questões como o respeito, papeis sociais, direitos e deveres, sexualidade, etc.
lamento muito pela ausência destes referências no meu meio social, pois muita coisa acabamos aprendendo nas conversas de rua, por falta de dialogo entre pais e filhos. a minha sexualidade estruturou-se através do “papo” com amigos, troca de filmes pornográficos, experimentações coisa do género curiosidade, ai surgem questões como segurança nessas práticas sexuais; fazer o que?! vivemos incrustados no acaso.
bem isto aconteceu comigo e acredito com a maioria dos jovem moçambicanos.
para terminar gostaria de pedir a Professora Osório bem como aos outros intervenientes que me recomendem leituras que possam ajudar numa reflexão sobre os ritos de iniciação nas grandes cidades (isto num contexto de afastamento da zona de origem); é uma tentativa de perceber as mudanças que ocorrem na estrutura dos próprios rituais dentro das famílias que emigram das suas zonas de origem mas que pretendam manter viva a tradição.
Jerryc.
eu acho que na nossa socieda hoje em dia obrigam as mulheres a casarem-se mais sedo atraves dos ritos de iniciacao. por que a menina rituada ja se sente crescida ou seja uma dona de casa.
eu acho que hoje em dia apesar de ainda se fazerem ritos de iniciacao, so sao feitos porque e de cultura, ou por obrigacao, porque os jovens de hoje dificilmente fazem o que lhes sao ditos, ou se fazem, fazem naquele momento para mostrar que aprenderam, mas depois de um tempo, com as influecias de fora, os jovens ja querem fazer o que lhes aparece na cabeca e nao o que lhes foram ensinados.
Salify
Eu acho que os ritos de iniciação tem grande importancia no que toca a educaçao dos jovens, visto que eles servem para preparar os jovens a interagir com vida que levará depois de adulto com o seu conjugue, os ritos devem continuar mas sem prejudicar ninguém porque os homens tiram vantagens ao saber que a mulher deve ser submissa ao marido tratando-a como sua escrava, os ritos têm vantagens e desvantagens, mas isso depende da interpretaçãô de cada povo, cultura e não, em saber como ensinar e como po-los em pratica na vida futura. Mas só quem ja viveu sabe melhor quais os efeitos causados. obrigda pela oportunidade que me foi consedida. M@rtha -tucha. luanda angolA
seitas e tabus ..e misterios por desvendar nas nossas sociedades,,mito ou tradicao,,crencas ou religiao… porem faz tudo parte da nossa vasta cultura de origem bantu…para intender que somos nos e donde viemos e pra onde vamos…e a gora onde estamos…tomara que assim como sempre foi os valores nao se extingam com o mundo globalizado…estas sao as palavras meiramnte proprias que agora me insitam a interrogar-me…..MUKITRA IBRAIMO–ESTUDANTE DA UNIVERSIDADE PEDAGOGICA MOCAMBIQUE-NAMPULA
sou de ponto de vista que a comunidade tradicional devia entrar em colaboracao com educacao, porque o tem econtecido, no periodo de aulas escolares as criancas sao obrigadas a abondonar as aulas convista a entrar no terreno.
hoje em dia os ritos d iniciacao nao faz relacao cm os do antigo, mas agora tud é moderno passam os rituais cm tv. Isso praticament passa a deixar de todas a exigencias rituais passand assim a deixar d ser um rito
Prólogo:
Quem já foi para o norte de Moçambique, já ouviu falar de Mathuna, o processo tradicional de dilatação do órgão de reprodução feminino. Mathuna faz-se em Nampula, mas, pelo resto do norte fazem-se procedimentos idênticos nas cerimóniasde ritos de iniciação.
Nestas zonas rurais, quando a criança vê pela primeira vez a menstruação ou caiem-lheos primeiros líquidos seminais, os pais assumem como aptas para a reprodução, para fazer sexo. Então, há que preparar a menina para ser mulher ou esposa. Descubra no texto, através dum conto, como e onde se desenrola a execução datradição da dilatação vaginal.
O texto fala sobre os ritos de iniciação no que diz respeito a cerimónia para as raparigas.
“Ritos de iniciação, Mathuna”, não pretende denegrir a tradição da minha terra, nem criticar (negativamente) aos costumes, mas, chamar à atenção da necessidade de adaptação dos actos mediante as epidemias que assolam Moçambique, em especialao HIV-SIDA.
Antecipo os meus totais agradecimentos por qualquer contributo, e um pedido de desculpas especial às mulheres e homens que poderão se sentir injustiçadas (os) com o texto. Houve uma razão de ser (vide bibliográfia).
Consultem o artigo em:
https://www.facebook.com/notes/hosten-yassine-ali/ritos-de-inicia%C3%A7%C3%A3o-mathuna/261753053969295?comment_id=1130501&offset=0&total_comments=36¬if_t=note_comment
Os ritos de iniciacao sao muito i9mportante na vida de um jovem, pos saso dos rituais que nos aprendemos varios ensinamento vindo dos mais velho, na min ha provincia Nampula agente cham a de emuali, e feito um medico ou umresponsavel da comunidade e e muito frequentte nos finais de ano
pra homens eu acho justo e bom,agora pra mulheres nao acho ser justo
oi, na minha opiniao os ritos d iniciacao sao bons puk aprende-se muito la, mas uk n concordo eh k entreguem a mocas pra homens grandes muito velhos pra elas o k pra mim nao eh nada bom. por isso eu sou contra.
sim. os ritos de iniciação são de mais valia para uma sociedade incluindo as diversidades culturais de um determinado povo. então carissimados amigos, professores entre outros, como podemos fazer para manter a nossa identidade existente???????????
Os ritos de iniciacao contribuem para o surgimento dos ritos de iniciacao
bem os antigos ritos de iniciacao tinham como objetivo na educacao da nossa cultura, mas os da agora so levam criancas com menor de idade e sao obrigado a tirar cinza/ isto e faser sexo, apos o seu rito de iniciacao e sao ditas que nao tenham medo de todo homem, porque todo homem e igual pode trata-lo da mesma maneira que-se trata da sua idade, mesmo seu pai nao tenha medo mas sim respeito.
Ritos hoje em dia no nosso pais ou alem dos paizes americanos e por fora do centro os ritos sao feitas logo e antes de ter vido pela gente ou seja depois da nascencia. essas cerimonias sao boms porque prevenen muito nas doencas que poderas apanhar atravez HIV e outras coisas…
gostei do debate, qual é a influência de ritos de iniciação na saúde? ??
Os ritos de iniciação têm influencia na saúde dos rapazes e das raparigas. No que diz respeito aos rapazes, mesmo quando a circuncisão é feita em espaço hospitalar os mestres têm que dar um pequeno corte de “reconhecimento”, provocando muitas vezes infecções que não tratadas, podem levar à morte assim como certas práticas como o abandono das crianças nuas no meio do mato, arriscando-se a contrair várias doenças.
Relativamente às raparigas o alongamento dos lábios vaginais (matunas no norte e matingi no centro) podem dificultar os partos e provocar a morte da mãe. Por outro lado, como os ritos estimulam os “casamentos “prematuros (não esquecer que a última palavra que as mestras dão às iniciadas é que “estão prontas”) pode provocar, quando do primeiro parto, fístulas obstétricas e mesmo a morte da mãe e da criança.
Qual é a representação social dos ritos de iniciação?
Resposta: Na minha opinião a representação social dos ritos de iniciação é que uma pessoa preserva os valores culturais duma determinada sociedade e não só mas também tem uma boa convivência no seio das comunidades porque os ritos de iniciação é uma preparação piscológica ou estimulação mental como indivíduo passa de fase de adolescência, em suma e a preservação dos valores morais, éticos, e da cultura duma dada sociedade.
ritos é um ensinamento que os adolescente tem de saber como uma forma de ter um bom comportamento diante do seu marido ou da sua mulher
Ainda bem que a questão dos ritos de iniciação está a ser discutida pelas e pelos jovens. É isso que se pretende.
A questão principal que ainda se coloca quando estudamos os ritos, é que embora estejam em permanente mudança, eles comportam aspectos que ensinam que mulheres e homens não têm os mesmos direitos. Para ser breve, às meninas ensina-se a servir, a obedecer, sendo que o respeito significa submissão. Os rapazes, cujos ritos são particularmente dolorosos e violentos, ensina-se a “ser homem” a mandar, a ser obedecido e servido. Isto significa que à partida há uma hierarquia de poder que orienta ou deve orientar o comportamento dos e das jovens. Estamos assim a construir uma sociedade em que mulheres e homens não são por inteiro sujeitos de direitos.
Conceição Eu Gostaria De Saber
Quais São As Vantagens
E
Disvantagens De Rito De Iniciaçao
se For Possivel Pods Mandar A Resposta No Meu E_mail
Também gostaria de saber as vantagens e as desvantagens dos ritos de iniciação
Na minha humilde opinião, os ritos de iniciação, deve manter e não havendo possibilidades de abulir, visto que é uma herança de geração que passa pra a geração seguinte, ela deve sofrer transformação com o objectivo de educar a sociedade com os problemas actuais, prevenção de doenças de transmissão sexual, gravidez precoces e indesejadas e incentivo aos estudos e empreendedorismo
Na verdade os ritos de iniciação não são as causadoras do casamento precosse, segundo o levantamento recente do Banco Mundial Brasil tem o maior número de casamentos infantis da América latina e ocupa em 4 lugar no mundo, enquanto Moçambique ocupa 10 lugar no mundo … a questão é quais são os ritos de iniciação praticadas pelo Brasil? se de verdade o rito de iniciação é promotora pork Moçambique não está no lugar de Brasil? mais veremos k essas mulheres com esse problema a maior parte são pobres tanto brasileira e quanto moçambicana (a pobreza) k se faz sentir na região norte do país ela onde a maior parte da população moçambicana encontra-se faz com que isso aconteça.
saudações.
primeiro dizer que eu passei dum rito de iniciação.
partindo pelo pre-suposto de que desde a era remota os ritos como uma prática reiterada da convicção sempre existiu.
O estado reconhece a existência dos ritos embora algumas práticas são contrárias à legalidade violando alguns direitos individuais ou humanos. mas não me deixo a possibilidade de afirmar que é muito bom e positivo passar de certas práticas (ritos/costumes) ex: o rito de iniciação como a própria palavra iniciação já o descreve é um ritual na qual prepara – se um ser na possibilidade de salvaguardar certos valores que não venham por em causa a ordem do trato social levando o rapaz ou a rapariga numa rejeição. O rito de iniciação prepara o homem e a mulher num sentido de respeito desde a casa dos pais até na vida marital baseando – se no respeito e preservação do referido matrimónio.
no meu intender nu que tange a desistência da rapariga a nível educacional (escolas) mesmo sem que ela for submetida a ritos de iniciação pode desistir dependendo do comportamento individual. por mim vale apenas passar por um rito de iniciação do que estar a deriva.
Em relação ao comentário do Sr. Paulo gostaria de referir o seguinte:
o Sr que teve ritos de iniciação sabe melhor do que eu, que a aprendizagem parte do principio que o homem é quem tem o mandato para tomar decisões, nomeadamente as que dizem respeito à vida e ao corpo das mulheres. Por isso o Sr. também deve ter sofrido muitas sevícias,preparando-se para ser homem,no sentido que o homem deve assumir a liderança em todos as dimensões da vida. As mulheres, pelo contrário, aprendem a ser submissas, obedientes e passivas face à violência dos parceiros. Que valores aprendemos então? o valor da desigualdade em primeiro lugar e depois o valor que é legitimo existirem entre os seres humanos uns que são mais humanos que os outros.uns que são educados (as) para servir, outros que são educados para ser servidos. E isto é uma tragédia porque sem que todos e todas tenhamos acesso aos mesmos direitos e possamos exercê-los não haverá uma sociedade mais justa e desenvolvida. Quanto às meninas que abandonam as escolas o Sr tem razão quando diz que não é por causa dos ritos que muitas abandonam a escola mas só lhe peço que reflicta no seguinte: o que significa então que o último conselho que as matronas dão às meninas é o seguinte:”Vocês estão prontas”.
sra Conceição! no que se refere ao legado das matronas simplesmente no meu intender somente diz – se para as mulheres se oporem no lugar delas como mulher isto baseado na cultura. Acredito que uma mulher normal mesmo sem passar pelos ritos sempre a finalidade é juntar – se a um homem.
juntando – se é preciso que haja uma série respeito pelo mesmo casamento. ex: o respeito pela pessoa própria. … isto é uma mulher casada ou adulta deve obedecer às regras de conduta social face ao seu próprio marido.
em fim… uma mulher que passou pelo rito de iniciação é mais conservada dúvida uma que jamas passou.
negativamente é uki falasse a respeito duma mulher que nunca passou por lá.
aconselho a todas mulheres passarem por lá. ..Os tabus que fala-se é uma mentira.
é assim Sr. Paulo: Quando as matronas dizem às meninas (crianças) que estão prontas,significa segundo dizem as próprias matronas e as jovens, que estão prontas para casar. E em muitos lugares do nosso país, depois dos ritos as famílias passeiam-se pelas aldeias dizendo “temos mulher”, “temos mulher”. Ora estamos a falar nos tempos que correm de meninas com 12 e 13 anos. Depois há que ver o que as meninas aprendem nos ritos: quando fizemos a pesquisa em 5 províncias, incluindo zonas mais ruralizadas, a grande maioria das entrevistadas salientavam dois aspectos dos ritos: o primeiro é o “respeito”. Quando se pergunta o que é o respeito disseram que é obedecer aos maridos, cuidar dele e não esquecer nunca que ele é o chefe”. O outro aspecto é a vida sexual. E sabe o que ensinam às nossas e suas, também, filhas e irmãs? ensinam que o corpo das mulheres é do marido, que a mulher deve satisfazer sexualmnente o marido mesmo contra a sua vontade e muitas outras coisas que não dá para desenvolver neste comentário. Aprendem isto através de canções, cujas letras são um estímulo a aceitar a submissão sexual, em que a mulher é apenas um objecto de prazer e de reprodução. É isso, como sociedade que nós desejamos? Repito o que disse no meu comentário anterior: todos os seres humanos devem ter acesso e poder exercer direitos humanos. É com felicidade que vemos que hoje muitas raparigas e famílias já não aceitam que as suas filhas sejam tratadas como objecto e que tenham um destino traçado desde que nascem só pelo facto de serem mulheres. O nosso compromisso é com a defesa dos direitos humanos de todos e de todas.
As nossas tias que acompanham as nossas irmãs, nao sabem se interragir de modo que elas nao venham praticar assuntos desvantajosos, como pratica de tentativa de fazer relaçoes sexuais. elas dao moral e coragem que apartir da aquele instante ja sao capazes de fazer relaçoes com qualquer homem nao importa a idade.
Muito obrigada pela sua opinião. Se bem compreendi a questão que levanta é o facto de ser prejudicial ao desenvolvimento integral das meninas que as tias ensinem temas relacionados com a vida sexual nos ritos. Penso que quer dizer que a aprendizagem sobre sexualidade é feita com o objectivo das meninas servirem sexualmente os parceiros, não possam rejeitar a relação sexual e usem o sexo como forma de apaziguamento perante, por exemplo, a “zanga” dos parceiros. Para ultrapassar isto penso que as mães, irmãs e professores não devem fugir ao tema e até devem falar sobre sexualidade com as suas filhas, tendo sendo como princípio de que o corpo pertence a cada uma e cada um e nunca deve ser instrumento de poder. Por exemplo, quando referimos que “este corpo é meu” significa que a decisão sobre “o meu corpo” é minha e que é um direito humano não ser vitima de violência, qualquer tipo de violência, desde a humilhação verbal à violação sexual mesmo quando exercida entre parceiros.
O problema é que recusar a uma mulher sexo com o seu parceiro/marido é muito difícil, mesmo para uma mulher “libertada” e não-iniciada. Para ser honesto, é difícil encontrar o equilíbrio certo entre os nossos próprios desejos/necessidades e os do nosso parceiro. Isto não é um problema induzido apenas nos rituais, mas um problema profundamente enraizado na mulher e no homem em geral. Os rituais das mulheres no centro e norte de Moçambique que observei entre 1999 e 2014 ensinam uma sexualidade onde não só o homem tem prazer, mas também a mulher. Isto é altamente valorizado por aqueles que participam nos ritos. Vale a pena ouvir o que eles dizem. Pois deve haver uma razão pela qual eles apreciam estes ritos. Não temos de imaginar que estão todos alienados, incapazes de lutar pela sua liberdade. As relações estão em todo o lado marcadas por compromissos que são sempre renegociados. De facto, uma mulher iniciada parece ter uma forte consciência dos seus potenciais, que não são apenas sexuais, como observei em Sofala, Manica e especialmente em Nampula (Muecate, Ribue, Nampula). Existem desigualdades, mas estas não são induzidas apenas pelos ritos que podem ser ajustados de acordo com o tempo, e o ritmo que faz sentido para as mulheres que as praticam.
Quais são as vantagens do rito de iniciação do homem e sua Disvantagem