Revista de imprensa
Os ritos de iniciação atrasam as culturas
Linda José
Os ritos de iniciação retardam o desenvolvimento das culturas africanas e não trazem nenhum benefício às culturas. Quem defende é o antigo presidente da República, Joaquim Chissano. O exestadista fez esta referência num debate promovido após a exibição do filme “Mulheres Africanas – Rede Invisível”. Chissano diz que os ritos de iniciação são práticas culturais que deviam ser revistas. “Os ritos de iniciação são dirigidos por pessoas que não entram nesta discussão de alto nível, mundial e internacional.
Os envolvidos nos ritos de iniciação baseiam-se nos princípios válidos de tempos antigos, mas é preciso educar as pessoas nessa questão de saúde reprodutiva’’.
Chissano refere que a informação relativa à saúde sexual e reprodutiva é fundamental para moldar as sociedades no que tange às práticas culturais. “Temos que ter o cuidado para não proliferar as doenças que têm perigado a saúde de muitas pessoas, provocando o desequilíbrio social. Se toda a informação relativa a sexualidade for bem utilizada e as pessoas que dirigem esses ritos de iniciação saberem alguma coisa a mais, então não há riscos na prática dos ritos de iniciação”.
O ex-presidente da República disse ainda que a mulher é uma peça fundamental na evolução das sociedades e que desempenha um papel crucial no crescimento do continente africano. Joaquim Chissano foi convidado ao lançamento do filme documentário “Mulheres Africanas – Rede Invisível”, um filme-documentário produzido pela Cinevídeo Produções e realizado por Carlos Nascimento. O filme trata da questão da mulher africana a partir do depoimento de cinco mulheres ícones do continente: Nadine Gordimer, escritora sul-africana Prémio Nobel de Literatura; Graça Machel, activista moçambicana de direitos humanos e educação, ex-esposa de Samora Machel e actual esposa de Nelson Mandela; Sara Masasi, líder empresarial da Tanzania, expoente do mundo dos negócios; Luísa Diogo, exprimeira-ministra de Moçambique; e Leymah Gebowee, activista política da Libéria, Prémio Nobel da Paz. As mulheres africanas são mostradas como sustentáculos de toda a organização política, económica, comunitária e cultural. (Canal de Moçambique)
In: Canal de Moçambique, 31 de Outubro 2012, p. 31