Breves
Ministério da Saúde discute Mortalidade Materna
Realizou-se a 13 de Maio de 2015, na cidade de Maputo, a I Reunião Nacional de Ginecologia e Obstetrícia, com o lema “Pela Saúde da Mulher em Moçambique”, que juntou profissionais de saúde e representantes de organizações como a Rede de Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, o Fórum Mulher, a Coalizão da Juventude e a Pathfinder, para discutir a mortalidade materna no país e outros aspectos relacionados com a saúde das mulheres.
A Reunião, organizada pela Direcção Nacional de Assistência Médica do Ministério da Saúde, tinha por objectivos: i) analisar algumas temáticas relativas à saúde da Mulher, com foco em mortalidade materna (MM), violência sexual e sua abordagem, aborto (lei de despenalização, recolha de opiniões sobre o regulamento, visando a operacionalização da lei) sob o ponto de vista situacional, desafios enfrentados e recomendações para enfrentamento e melhoria de qualidade das intervenções em saúde da mulher; ii) avaliar o que se tem feito na especialidade de Ginecologia e Obstetrícia para o enfrentamento dos desafios à saúde das mulheres.
Elsa Jacinto, ginecologista/obstetra, fez uma apresentação que ilustrou a situação geral do país, salientando que Moçambique possui uma razão elevada de MM (408/100.000 nado-vivos) e mortalidade neonatal (MNN) (30/1.000 nado-vivos), segundo dados do IDS, 2011. Assim, não serão atingidas as Metas de Desenvolvimento do Milénio, que previam 250 para a MM e 20 para a MNN em 2015.
Segundo a OMS, uma taxa de MM aceitável estaria em 19 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos; um índice médio – entre 20 e 49 mortes; um índice alto – entre 50 e 149 mortes; um índice muito alto – acima de 150 mortes. Considerando estes números, a MM em Moçambique está em índices inaceitáveis.
O país, com uma população estimada de 25.041.992 habitantes, possui uma rede sanitária constituída por 1.490 unidades sanitárias e 1.291 maternidades.
Jacinto referiu ainda que as taxas de MM não são uniformes, sendo Sofala, Nampula e Niassa as que apresentam os maiores índices. Como principais causas da MM, indicou: Hemorragia (36,6%), Infecção (11,5%), Transtornos hipertensivos (8,9%) e HIV/SIDA (5,8%), sendo que as mulheres com menos de 24 anos constituem 43,5% das mortes maternas.
Segundo a apresentadora, 67% destas mortes seriam evitáveis, referindo alguns problemas como falta de ambulância nas maternidades periféricas para referência, insuficiência de sangue e medicamentos, fracas habilidades das enfermeiras dos Serviços Materno-Infantis no seguimento durante o parto, pouca contribuição dos médicos de clínica geral nas maternidades, escassez de recursos humanos e desigualdade na distribuição, bem como gestão inadequada dos recursos aos vários níveis.
considerando os indices de MM de 2008 e os de 2010, verifica-se que, apesar de progressos na sua redução, os desafios são ainda enormes, e, são realmente inaceitáveis os índices actuais. Para estancar o problema, há que atacar as suas fontes, nomeadamente a redução de casamentos prematuros, o acesso universal aos contraceptivos, a humanização dos serviços materno-infantis, etc. E inaceitável que mulheres jovens morram nas maternidades por falta de assistência; e inaceitável que as maternidades e as parteiras tenham mais fama por registar maiores índices de mortalidade materno-infantil e nada lhes acontece…