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MARCHAMOS: Conselho Municipal de Maputo volta atrás e autoriza a Marcha do Dia Internacional das Mulheres
Este texto critica a tentativa de inviabilização pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo da marcha pacífica contra VIOLÊNCIA SEXUAL E DOMÉSTICA organizada pela Marcha Mundial das Mulheres em comemoração do Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, e faz apelos para que, apesar das dificuldades, as mulheres não desistam de reivindicar os seus direitos.
Após negociações com a sociedade civil, o Conselho Municipal da Cidade de Maputo volta atrás e decide autorizar a realização da marcha pacífica de 8 de Março, hoje, na Praça da Paz.
Inicialmente prevista para começar as 07h00 e terminar às 09h00, conforme a primeira proposta da sociedade civil, a caminhada começou as 09h30 e terminou às 11h30, na Praça da Independência, em conformidade com as ordens do município.
Esta vitória é resultado do consenso que foi alcançado ontem, quinta-feira 7 Março 2019 às 11 horas nas instalações do município, num encontro marcado pela presença do responsável da área de segurança da Cidade, Filemone Simão, e da chefe do Gabinete do Presidente do município, Sra Luísa Matavele.
A escassos minutos de começar a marcha lamentamos as alterações de última hora, apesar de o pedido ter sido submetido no dia 12 de Fevereiro do ano em curso, e que teve o despacho indeferido no dia 04 de Março do mesmo ano, e a respectiva negociação para a alteração das horas ocorrido ontem, conforme acima mencionado.
Esse episódio triste que não deve nos desanimar, é apenas um vislumbre que a luta pelos Direitos Humanos das Mulheres ainda tem um longo caminho a percorrer na estrada da liberdade que está impregnada de várias tentativas misóginas.
Estamos cientes que num continente tórrido como o nosso, e em pleno verão, marchar da Praça da Paz à Praça da Independência não é fácil. Mas também estamos conscientes de que estes dois monumentos simbólicos são artefactos representativos que a luta pela liberdade das mulheres e dos homens deste país não foi um exercício fácil.
Tal como sucedeu nesta marcha, houve procrastinações, recusas e dilações de todo o tipo. É nestas circunstâncias que a perseverança é chamada ao de cima, para com coragem fazer valer a nossa luta que é mesma de todas as mulheres num mundo.
A começar pelas empregadas domésticas de Moçambique que, deixando de lado os seus afazeres, reservaram um espaço de tempo para estarem presente nesse dia; das funcionárias públicas que deixaram seus postos de trabalho; das estudantes e professoras que adiaram a presença na sala de aulas para mostrar que o activismo também é escola; das vendedoras informais que abandonaram os lucros de hoje, numa clara demonstração de que sem direitos iguais são pouco proveitosos.
Todas que hoje gritam, mesmo aquelas cujo silêncio representa grito de socorro, fazem parte desse eco mundial que compõe o Oito de Março celebrado em Moçambique sob o lema:
“QUEREMOS VIVER SEM MEDO: Por um Moçambique Livre de Violência Sexual”
Por: Kumenya
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