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Omitidas

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A sociedade civil manifestou-se na inauguração dos X Jogos Africanos

 

Breves

A instabilidade em que vivemos

16
Abr
2014

“São difíceis, estes tempos em que vivemos”, diz a Feminista Durona num comentário publicado no jornal @ Verdade. É preciso fazer ouvir as nossas vozes.

São difíceis, estes tempos em que vivemos. Paira sobre nós a ameaça da guerra e já começamos a sentir os primeiros impactos. A circulação dentro do país faz-se irregularmente, os preços dos produtos aumentaram e podem vir a subir ainda mais, há famílias inteiras a deixar para trás as suas casas e os seus bens, há crianças que não vão conseguir ir à escola. Aliás, no distrito da Gorongosa, as crianças não fizeram exames. Há escolas fechadas nas sedes de posto em Muxungué, Gorongosa e Vanduzi.

Nestes mesmos distritos, as mulheres deixaram de poder ir às machambas. Há muita fome e desespero. E quando ainda se podia trabalhar no campo, em Outubro do ano passado, os soldados roubavam os produtos das mulheres, tanto directamente nas machambas como nos mercados informais, que desapareceram depois do assalto a Satunjira.

A Feminista Durona e a instabilidadeO ambiente político também não nos traz grandes esperanças. Pelo contrário. O país assistiu com indignação às intimidações e ao atropelo da legalidade nas últimas eleições autárquicas do ano passado. Forças de segurança dispararam sobre manifestantes e houve mortos. Este clima não nos dá garantias de que a paz e a estabilidade regressem num futuro próximo.

A avaliar pela experiência da guerra civil que terminou com os acordos de paz em 1992 e de outras guerras em África e no mundo, as piores consequências recaem sobre as mulheres nos países em conflito. Elas constituem a maioria da população submetida ao deslocamento forçado, para além de serem vítimas de homicídios, ameaças de morte, torturas, captura de reféns e atentados contra a integridade sexual. As violações sexuais e o trabalho forçado foram comuns no último conflito armado em Moçambique.

Os conflitos armados fazem vítimas entre as mulheres da população civil, e também entre as muitas que são incorporadas aos grupos armados por vontade própria ou pela força.

Perante a gravidade da situação, perguntamo-nos: porque é que não são ouvidas as mulheres e os homens deste país? Nas negociações que estão a decorrer, não são só os interesses do Governo e da Renamo que estão em causa, mas os assuntos em discussão têm tudo a ver com os direitos humanos. Porque é que não estão presentes representantes de organizações dos direitos humanos? É preciso que as vozes das cidadãs e dos cidadãos afectados se façam ouvir.

A paz é um bem precioso que deve ser acarinhado.

feminista.durona@gmail.com

WLSA Moçambique

Publicado no jornal @ Verdade, edição nº 281, 4 de Abril de 2014

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