Breves
Senhora Ministra, esse Vice Ministro não…
Numa carta aberta, publicada no semanário Zambeze a 6 de Dezembro, um grupo de mulheres insurge-se contra a nomeação como Vice-Ministro da Mulher e de Assuntos Sociais de um homem que é misógino e intolerante.
João Cândido Candiane, que escreve crónicas semanais no jornal Domingo, a coberto de um pseudónimo, foi nomeado recentemente pelo Presidente da República. A carta aberta analisa o conteúdo dessas crónicas e expressa indignação por um homem com essas convicções ser nomeado Vice-Ministro de um país democrático.
Senhora Ministra
Virgília Matabele
Nós somos mulheres, dirigimo-nos a si, que é mulher, que partilha da nossa sensibilidade e porque tem assumido de forma corajosa a defesa dos nossos interesses.
O assunto é o seguinte: nós não podemos aceitar a nomeação do Sr. João Cândido Candiane para o lugar de Vice-Ministro da Mulher e Assuntos Sociais. Não foi a Sra. Ministra que o nomeou. Mas é a senhora que queremos que escute este nosso protesto e faça a defesa do nosso bom nome, conduzindo esta nossa indignação onde ela possa produzir mudanças. Estamos cansadas de sermos consideradas únicas e exclusivas culpadas pelos males que assolam a moral do mundo. E, como verá, para o seu braço direito, o Senhor João Cândido, nós, mulheres, somos, desde a criação do Mundo, o motivo da degradação dos valores morais.
Há muito que acompanhamos o pensamento do Sr. Cândido Candiane, expresso semanalmente no Jornal Domingo sob a forma do pseudónimo Kandiyane wa Matuva Kandiya. A sua rubrica “Assombrações” tem-nos assombrado por causa das agressões contínuas que este senhor pratica contra a mulher moçambicana e contra a dignidade da mulher, em geral. Foi para nós um motivo de real assombro a designação de João Cândido (aliás, Kandiyane wa Matuva) exactamente para o lugar de Vice Ministro da Mulher. Na realidade, este senhor não apenas expressou ofensas graves contra a Mulher mas agrediu a filosofia e o espírito de tolerância que norteia o governo moçambicano, dirigido pelo Partido Frelimo.
Mostraremos, mais adiante, que não se trata de má-vontade ou preconceito nosso, pois nem sequer conhecemos pessoalmente o referido cidadão. O preconceito, má-vontade e intolerância moram, sim, no Sr. João Cândido.
Exma Ministra
Passemos aos factos que fazem prova do pensamento e da palavra do Sr. Cândido:
1- Ofensas contra a Mulher Moçambicana.
A ideia expressa em vários textos de João Cândido é que a degradação moral que a sociedade moçambicana atravessa é originada pela Mulher. Por exemplo, num texto publicado no Jornal Domingo, edição de Julho de 2007, o Cândido, aliás Kandiya, escrevia textualmente o seguinte: “… Continuo a perguntar-me – porque será que são sempre as mulheres que começam com desvios?” Nesse mesmo texto, apenas aponta o dedo acusador a artistas femininas, como se os artistas masculinos revelassem um comportamento acima de qualquer repreensão. Parece um lapso. Não é. Essa é a forma discriminadora e ofensiva com que ele pensa. Pois esta é a forma com que ele termina o referido artigo: “Ontem foi Eva que forçou Adão a comer coisas proibidas. Hoje continuam a ser as mesmas a aplaudir a errosão (está assim, com dois erres, no original) da nossa identidade como cidadãos do mundo racional! Deus nos acuda!…” Em qualquer país do mundo, este tipo de proclamação provocaria uma onda de indignação generalizada e tornaria inconcebível que este mesmo indivíduo viesse a ser designado para Vice Ministro da Mulher.
2- Usando de violência verbal extrema atacou a comunidade homossexual nos seguintes termos: “… somos forçados a concordar com as leis de certos países extremistas como Arábia Saudita, Yémen, Irão, Chechénia, Mauritânia, Sudão, Afeganistão, Paquistão, etc. onde os praticantes deste acto, caçados como ratos e punidos com a pena capital – decapitação! sejam tidos por doentes ou pervertidos.” (Ver Jornal Domingo, de 30 de Julho de 2006). Sem comentários!
Uma verdadeira pérola de um democrata, respeitador dos direitos dos humanos…
3- Um outro lapso? Não, porque o Kandiyane não quer que o seu juízo fique em meias tintas. Respeitando o seu historial de ex-seminarista, o cronista agora promovido a Vice-Ministro fez uso do Levítico para relembrar as tão tolerantes sentenças: “Se um homem coabitar sexualmente com um varão cometeram , ambos um acto abominável; serão os dois punidos com a morte; o seu sangue cairá sobre eles.” Lev.20:13. Vale a pena perguntar: e se forem mulheres, caro Kandiyane?
4- Atacou o jornalista Machado da Graça apelidando-o de “moçambicano não genuíno”, sugerindo a categorização dos moçambicanos em função de critérios de “genuinidade” fundamentados na raça, origem e cor da pele.
5- Na mesma secção do Jornal Domingo, atacou a memória de Carlos Cardoso e ofendeu todos os que homenageavam a sua morte ao insurgir-se publicamente contra a deposição de coroas de flores (questionando, imagine-se, o dinheiro que se gastava com as flores…). Não satisfeito com ofender os vivos, interferiu abusivamente no respeito devido aos mortos, estranhamente aflito pelo carinho dispensado a um dos mais nobres cidadãos ! da nossa pátria.
6- Faz uso frequente de linguagem menos própria, muito pouco de acordo com os padrões culturais moçambicanos. Por exemplo, a 8 de Julho de 2007: “A maioria dos nossos juízes de hoje são autênticos advogados do Diabo, acocorados e defecando sobre os seus próprios umbigos.” Aliás, o tema das fezes parece ser uma referência estranhamente frequente nos textos de João Cândido. Veja-se como, a 11 de Novembro deste ano, descreve o seu próprio estado depois de ter sido vítima de assalto: “além de ter ficado com as cuecas completamente borradas de excrementos que se libertaram indisciplinadamente sem seguir aquele cerimonial todo gente faz num lugar solitário..” A mesma insistência em versar o tema de imundície persegue as suas crónicas. De novo, a 14 de Outubro do corrente ano brinda-nos com a seguinte prosa “…uma manápula afagou-me as nádegas, tal como um namorado faria a uma sua namorada e untou-me a cara, boca, nariz, olhos e orelhas de fezes fedorentíssimas pior que o enxofre que alimenta o fogo do inferno”.
7- A forma como argumenta com os seus opositores políticos demonstra que o senhor Cândido ainda vive no tempo que antecedeu o acordo de Roma. Em lugar de ideias, ele esgrime insultos. Aliás, ele próprio confessa com a sua escatológica linguagem que se guia por um “… velho ditado que aprendeu com seu avô que, segundo ele mesmo escreveu: o peido com peido se paga.” (Assim mesmo, caros leitores, assim mesmo, sem tirar nem pôr, como se ele estivesse na taverna ou na taberna). A forma beligerante com que responde à oposição não condiz com os ensinamentos que recebemos da FRELIMO graças à qual o processo de reconciliação vingou. Estivesse o nosso destino nas mãos do Sr. Cândido, o espírito de animosidade regressaria ao nosso país. Somos mulheres, sofremos com as guerras, não nos revemos nesse raspar de feridas do passado.
Exma Senhora Ministra
É verdade que o Ministério da Mulher é também o Ministério para os Assuntos Sociais. Mas o Sr. Cândido não atacou apenas a Mulher. Ele revelou uma atitude inaceitável em temas que são eminentemente sociais. A sexualidade e o direito à diferença, a diversidade racial dos moçambicanos e o direito pleno de serem cidadãos por inteiro, o direito à pluralidade partidária, a correcção de temas e decoro da linguagem, tudo isso são assuntos de cariz social.
É verdadeiramente espantoso que um cidadão possa publicar coisas destas. O cariz destes artigos está em contradição com a linha editorial de um jornal de renome como é o Domingo. Felizmente, estamos em democracia e num regime aberto, moderno e tolerante. Felizmente, quem manda não são os Kandiyanes. Mas é verdadeiramente espantoso que se publiquem barbaridades destas e se seja promovido desta forma para postos de responsabilidade. Certamente, Sua Excelência, o Presidente da República, desconhecia estes dados quando procedeu à nomeação. O Presidente é, na realidade, o espelho da ideologia moderna, humana e progressista de uma governação que tantos motivos nos dão de orgulho por vivermos numa pátria virada para o futuro.
Mas para nós, manter tudo como está, fazendo de conta que nunca ninguém disse nada, poderá ser um sinal da permanência do tal espírito de “deixa andar” que todos queremos combater. Somos um pequeno grupo de mulheres moçambicanas e representamos apenas um ponto de vista. Mas esse ponto de vista, estamos certos, traduz a mágoa de centenas de milhares de mulheres que não gostariam de continuar a ser olhadas como “Evas pecaminosas à espera de corromper o Homem”.
Senhora Ministra, um homem destes não pode estar à frente do Ministério da Mulher, não pode sequer fazer parte do nosso governo. Quem diz isto somos nós,
Um grupo de moçambicanas genuinamente mulheres.
(Carta publicada no semanário Zambeze, a 6/12/2007)
Em primeiro lugar quero agradecer pela oportunidade que a WLSA dá aos usuários desta página de modo que possam partilhar desta verídica polémica.
claro que é lastimoso e doloroso ouvir uma certa verdade.
Não quero fazer juizo de valores de pensamento do lado direito ou esquerdo, mas a minha voz clama por uma sociedade humana sã e não violenta.
se a minha coensciencia acusa, claro que vai clamar por uma mudanca interna e procurar criar unidade interna de pensamento, sentimento e actuacão.
Claro que a situacão é lastimosa. não podemos negar que a sociedade não existe sem mulher, assim como sem homem. se assim for os dois interagem num sistema orientados por valores sociais, políticos, económicos e culturais.
Meus queridos amigos, irmaos e compatriotas!
Não quero aqui afirmar categoricamente que a nossa sociedade mocambicana clama por este ou aquele valor, mas que há uma necessidade de restourar o valor humano, culto e coerrente. não sou dígno de julgar alguëm quemsou eu entre os outros se não um ser humano que um dia nasceu como os outros.
Não porque nao sejamos dignos de ser, somos e procuraremos ser, mesmo caindo, vamos levantar a cada dia formarmo-nos continuamente como agente da muudanca dignos de viver em uma sociedade humanamente sã sem violência.
Criemos uma sociedade humana mocambicana sem violência
regra de Ouro:
“trate aos outros como gostaria de ser tratado”
claro este é o principio que podemos encontrar em varias culturas trasncritas de várias maneiras porëm o importante é saber valorizar o outro, saber se dirigir ao outro, tratanto-o como gostaria de ser tratado tambem.
mais uma vez, peco aos queridos irmãos (afinal somos irmão) que apaziguem as almas!
Quem sou eu pra julgar alguëm, se ném jesus cristo foi capaz de julgar ao outro.
ele proprio afirmar:
“se há alguem entre vós que nao tenha pecado que seja o primeiro a lancar a pedra”
antes de olhar pra o olho do outro seria muito benéfico procurar olhar o meu.
Obrigado pela oportunidade, espero que a mensagem tenha chegado até o fundo do coracão de todos e que possam apaziguar as almas porque isto faz sofrer!
Eu sento um grande futuro esperado a qui em Moçambique reso a todos os lideres do tenho combaixão de alegrarem com todo o povo de Moçambique.Temos um epsodio diario para todos nós a que em Moçambique.
A situação da Mulher aquiem Moçambique é alarmante,a caso de doenças de transmissão sexual que tomina á 100%.
Tem razão em algumas muitas coisas o kandiane. deixem-no ser vice e o corrijam de lá e ganhar-se-á um homem ou vocês ganharão algo com esta contrariedade de opiniões. No marxismo falava-se da dialéctica, da unidade e luta dos contrários. Peçam apio filosófico a isto e essa contrariedade vos socorrerá. esgrimam com o vice e ganhem-no nas quatro linhas e não na secretaria, como se diria em gíria desportiva. Esse ministro sim, senhora ministra.
o dia de hoje nao sera o dia de amanha por isso peco a todas mulheres que foram ofendidas da forma directa ou indirectamente pelo senhor acima citado que o perdoem e deixarem a ele colher os frutos que os plantou. quanto a senhora ministra da mulher nao tera nada a fazer visto que o senhor Candido foi nomeado pelo presidente da republica e so ele e que pode o tirar.