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Brochura elaborada pela WLSA Moçambique sobre o problema da fístula obstétrica - um drama que atinge cerca de 100.000 mulheres em Moçambique.

Omitidas

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Leia mais sobre fístula obstétrica

Contra a violência de género

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A sociedade civil manifestou-se na inauguração dos X Jogos Africanos

 

Breves

Quando os políticos legitimam a violência doméstica…

Desenho de Malangatane
07
Dez
2006

Artigo de opinião

No dia 30 de Julho do corrente ano, o jornal da manhã da TVM comunicou que um deputado da bancada parlamentar do partido no poder, pelo círculo eleitoral de Gaza, havia espancado brutalmente a sua esposa, tendo-a deixado praticamente à beira da morte.

Indagado o porta-voz do partido sobre a gravidade deste comportamento, que em nada dignifica um ser humano, ainda para mais vindo por parte de alguém com a responsabilidade de representar o povo, Edson Macuacua respondeu que, de forma alguma, esta atitude poderia afectar a carreira política do deputado pois tratava-se de um assunto de foro absolutamente privado.

Depois deste comunicado nunca mais o assunto voltou a ser tratado em nenhum órgão de comunicação social, ou seja, ficou completamente esquecido, a tal ponto que qualquer cidadão que não tenha estado atento àquela hora nunca ouviu falar do assunto e na mesma situação se encontram muitos deputados e colegas de bancada.

As atitudes dos dois deputados são bastante preocupantes e reforçam as nossas ideias de que a questão da luta contra a violência doméstica assume contornos políticos. Quanto ao deputado agressor, é indiscutível que tenha tomado esta atitude para mostrar à sua esposa ou companheira que tem mais força e que está acima da lei. Será que a imunidade e a irresponsabilidade do deputado plasmados nos artigos 174 n° 1 e 175 da Constituição da República se estende e ganha estes contornos?

O nosso país ratificou vários instrumentos internacionais de defesa dos direitos humanos, sendo o mais recente o Protocolo à Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, relativo aos direitos das mulheres em África, que obriga os Estados-parte a adoptarem medidas que visem condenar todas as práticas nocivas que afectem os direitos fundamentais das mulheres.

À luz destes instrumentos e, consequentemente, da Constituição Moçambicana, artigo 40, os direitos humanos devem ser garantidos a todos os cidadãos independentemente do sexo, pelo que a justificação do deputado Edson Macuacua é bastante ultrapassada e é uma vergonha que seja dada por alguém que pertença ao legislativo. Através deste exemplo percebemos porque é que alguns dos deputados já falam contra a proposta de lei contra a violência doméstica, quando esta ainda não foi sequer apresentada ao Parlamento!

O que diz a imprensa?

Dias depois da informação ter sido transmitida no jornal da TVM, apareceu uma breve notícia no semanário Zambeze, de 3 de Agosto de 2006, com o seguinte título: “Na Macia: Deputado da Frelimo dispara contra camião de rival”. Os factos narrados confirmam mais ou menos que o que já se sabia, embora se esclareça que a “noiva” do deputado não se encontra ferida:

  • O deputado usou de arma de fogo para obrigar a “noiva” a confessar com que homem é que mantinha um caso amoroso;
  • O deputado ameaçou os motoristas de uma companhia, entre os quais presumivelmente se encontrava o rival, disparando a arma que possui;
  • Os disparos de arma de fogo criaram o pânico na vila da Macia, levando as pessoas a abandonarem as suas casas para se refugiarem no centro da vila.

Não encontramos mais nenhuma referência a este caso em outro órgão de comunicação social.

Ana Cristina Monteiro

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