Direitos sexuais e reprodutivos
Quem vai querer dar a luz aqui?
De acordo com o Inquérito Demográfico e de Saúde de 2011, a Província de Cabo Delgado tem a taxa de mortalidade materna mais alta do país e apenas 36% dos partos são assistidos por pessoal especializado de Saúde. Esta série de diapositivos mostra o estado em que se encontram alguns Postos de Saúde no distrito de Mueda.
Visitar os postos de saúde rurais no remoto distrito de Mueda, em Cabo Delgado, ajuda a compreender por que essa província tem a taxa de mortalidade materna mais alta de Moçambique. Vejam a maternidade da aldeia de Ngapa. A parteira abriu a porta e disse: “Quem vai querer dar a luz aqui? Isto deveria ser demolido e reconstruído de zero.” As mulheres da zona parecem concordar – quase a metade prefere ter o parto em casa.
O posto de saúde de Imbuo tem melhor aspecto, está limpo e recém pintado. Mas não tem energia nem água. À noite, uma parturiente deve trazer velas ou lanterna e baldes de água. Não há rede telefónica. Para chamar uma ambulância da sede do distrito, a enfermeira pede a um parente da paciente, como este pai, para pedalar em bicicleta 15 minutos até um lugar com recepção.
Mpeme é o pior posto. Sem energia ou gás, os instrumentos não são esterilizados entre uma paciente e outra. Medicamentos antimaláricos e antibióticos faltam com frequência.
Em Namatil, o enfermeiro Ismael Ossuman pode diagnosticar HIV mas não tem antiretrovirais para dar. Sente-se muito frustrado com isso. A parteira Fátima Amissi Usange precisa de luvas, sabão e água corrente.
Em Ngapa, vimos a Fátima Namangana sair do posto de saúde, dobrada de dores. Fátima tem 26 anos e três crianças pequenas. Três semanas atrás, ela teve um aborto espontâneo que derivou numa infecção generalizada, que poderia levar a peritonite e morte. Três vezes foi à clínica. Deveria ter sido evacuada para a vila de Mueda, a duas horas de distância. Mas apenas lhe receitaram um antibiótico ligeiro que não detem a infecção.
Fátima teve sorte. Levámo-la de carro a Mueda e salvou a vida.
Mas quantas outras jovens mães, como Fátima, continuam a morrer desnecessariamente em Moçambique?