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A fístula obstétrica em Moçambique: uma tragédia de grandes proporções
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde este ano dão conta de que a fístula obstétrica tem uma incidência maior do que se estimava.
Organizada pelo Ministério da Saúde, teve lugar, em Maputo, a 9 de Julho de 2014, um encontro para discussão da Estratégia Nacional de Prevenção e Tratamento das Fístulas Obstétricas em Moçambique.
O Dr. Armando Melo, responsável pelas campanhas de tratamento da fístula obstétrica, apresentou uma comunicação com alguns dados recentes sobre o número de novos casos e as pacientes tratadas, que mostram a seguinte situação:
Ano | Partos esperados | Partos realizados | Novos casos | Casos tratados | % |
---|---|---|---|---|---|
2010 | 1.008.760 | 623.064 | 1246 | 159 | 12,7 |
2011 | 1.037.233 | 639.954 | 1279 | 434 | 33,9 |
2012 | 1.066.532 | 600.651 | 1201 | 317 | 26,3 |
2013 | 1.096.475 | 754.732 | 1509 | 357 | 23,5 |
Como se pode constatar, ainda não existe capacidade para tratar a totalidade dos novos casos conhecidos, pois quando o parto se realiza fora das unidades sanitárias é difícil de ter o registo das mulheres que contraem uma fístula obstétrica.
O desenvolvimento de uma estratégia nacional de combate à fístula obstétrica tem estado a dar resultados, mas ainda não existe capacidade para ampliar o âmbito das campanhas.
Actualmente, ainda segundo a informação prestada pelo Dr. Melo, o Hospital Central de Maputo e o Hospital Provincial de Quelimane são os melhores centros de tratamento da fístula obstétrica. Para além destes, também se realiza o tratamento em Pemba, na cidade de Nampula e nos distritos de Namapa e Nacala-Porto (Nampula), em Mocuba (Zambézia), na Beira e em Nhamatanda (Sofala), em Chimoio e Catandica (Manica), em Tete e no Songo (Tete).
Para aumentar a capacidade de tratamento da fístula obstétrica é apontado como essencial garantir mais recursos (equipamento, materiais e consumíveis), melhorar e alargar a formação de médicos e técnicos para operarem fístulas, e que cada unidade sanitária, na sua zona de influência, faça “buscas activas” para detectar casos de mulheres vivendo com fístula obstétrica.
Outros pilares da Estratégia Nacional de Prevenção e Tratamento das Fístulas Obstétricas em Moçambique são a reabilitação das pacientes tratadas e a sua reintegração social.
A WLSA Moçambique, como membro da Rede de Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, em parceria com a ICFJ (2011), a IREX (2013) e a FORCOM (2014), realizou algumas capacitações sobre direitos sexuais e reprodutivos com jornalistas da zona centro e norte, onde foi abordado, entre outros, o tema da fístula obstétrica. Após a formação, várias matérias e programas radiofónicos foram realizados sobre o assunto, o que contribuiu para que as mulheres afectadas pela fístula e as comunidades fossem informadas de que actualmente existe tratamento e os locais aonde se devem dirigir.
O alcance desta intervenção foi limitado, mas é necessário envolver cada vez mais os órgãos de comunicação social no combate a esta tragédia, que atinge cerca de 100.000 mulheres em Moçambique.
Informe da Rede de Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos
Mais informação sobre a fístula obstétrica
- Alzira – filme sobre uma jovem que vivia com fístula obstétrica
- “Omitidas”, brochura da WLSA sobre fístula obstétrica
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- A Fístula Obstétrica e a situação em Moçambique; artigo do Dr. Igor Vaz
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estou a desenvolver um trabalho sobre a prevalencia da fistula obstetrica na cidade de maputo