Breves
Essas gajas são humanas, Ta Basily!
OPINIÃO
O artigo insultuoso que o Sr. Mabunda publicou no dia 30 de Janeiro não suscitou apenas uma reação das organizações de mulheres. No dia 12 de Fevereiro o jornal “O País” publicou na “Página do leitor” o artigo que reproduzimos aqui.
Essas gajas são humanas, Ta Basily!
Respeito o exame de consciência e o esforço que Lazaro Mabunda, autor de um controverso artigo com o título “Essas gajas são loucas, Ta Basily!”, saído na página de opinião do jornal “O País” do dia 30 de Janeiro de 2009, onde procurou demonstrar por artifícios de linguagem ao seu amigo Ta Basily a legitimidade da violência contra a sua mulher, por esta ter desobedecido a uma ordem sua, mas não posso deixar de manifestar a minha discordância em relação aos argumentos do articulista para fazer uma abordagem a um assunto extremamente complexo, “A violência doméstica”. É verdade que as organizações que lutam há bastante tempo contra a violência, não deixaram de manifestar o seu espanto em relação ao artigo em questão, pois o autor do mesmo, longe de procurar fazer uma análise exaustiva, caiu no lugar comum de afirmar que os que lutam contra a Violência Doméstica o fazem apenas por uma questão de sobrevivência estomacal ou capricho apenas.
Meu amigo Mabunda, o estudo de uma temática como “a Violência Doméstica” é central para a análise das relações de género, onde podemos entender as mutações históricas tanto na família, como na reprodução e na sexualidade. Numa época de grandes transformações sociais, como as que vivemos em Moçambique e no Mundo, importa perceber as modificações dos sentidos, dos hábitos e das mudanças subjectivas de género e analisar a constante transformação da ordem patriarcal, na qual a violência contra as mulheres se desenha como uma dimensão simbólica juntamente com a sexualidade e a maternidade, a violência contra as mulheres aparece como mais uma dimensão de controlo de seu corpo. Como tal, este fenómeno não se esgota com a ocorrência de episódios violentos, físicos, ou psicológicos, mas tem também expressão discursiva (do tipo Mabunda a Ta Basily) que vai no sentido de legitimar a ordem patriarcal e as suas instituições, justificar a violência de Ta Basily contra a sua mulher, como expressão legítima do poder masculino. Outro facto é que, a violência contra as mulheres tem um carácter estrutural. As lógicas de conduta dos agressores os discursos trazem implícito um sentido fundado num horizonte comum de ideias socialmente partilhadas. Homens e mulheres, nascendo, crescendo e vivendo numa sociedade patriarcal, incorporam a ordem dominante, o que significa não só aderir as normas, mas subscrever ideias, crenças e valores, que não se reconhece como fazendo parte de um sistema social específico, historicamente situado, mas sim como sendo da ordem natural. É esta “naturalização” da dominação de Ta Basily contra a sua mulher, que pode ser aferida pelo facto de que ela não precisa de justificação; as organizações feministas não devem lutar contra ela, a Assembleia da República não deve legislar sobre isso; a visão androcêntrica impõe-se como neutra e não tem necessidade de se enunciar, visando a sua legitimação. (….)
Uma relação de poder implica que aquele sobre quem é exercida, reconheça a sua legitimidade. Embora neste contexto a violência seja sempre uma possibilidade, uma relação de poder (…). Desta forma, se por um lado a dominação Basiliyana se mantém sobretudo porque tanto dominantes (Mabunda e outros…), como dominados partilham a mesma visão do mundo e da ordem que ele deve ter, por outro lado a possibilidade da violência esta sempre presente. Violência que surge em reacção ao que é percebido como desordem no comportamento feminino e que segundo “palavras” de Ta Basily, resulta do mandato moral e moralizador para reduzir e aprisionar a sua mulher na sua posição de subordinada, por todos os meios possíveis, recorrendo à violência sexual, psicológica e física.
Meu amigo Mabunda, um vasto leque de organizações da sociedade civil constituiu no dia 21 de Janeiro do corrente ano, a rede de “Homens pela mudança”, na qual desde já está convidado a participar, levando naturalmente consigo Ta Basily e sua esposa. Esta Rede congrega várias organizações e instituições que assumiram o compromisso de trabalharem juntas para a redução das desigualdades de género promoção da saúde, assim como o bem estar de mulheres, homens e crianças. A rede focaliza-se na construção de um compromisso, capacidade de implementação e documentação de intervenções efectivas em homens e rapazes, bem como desenvolver acções de advocacia no sentido de influenciar as políticas públicas para o alcance de tais objectivos.
As metas e objectivos da Rede “Homens pela mudança” são de entre outras, criar uma sociedade mais igualitária em que homens, rapazes, mulheres, raparigas partilham as mesmas oportunidades para a realização dos seus Direitos Humanos. Para concretizar esta meta, a rede “Homens pela Mudança”, pretende alcançar três objectivos, aumentar o grau de compromisso de organizações internacionais e governos e governos nacionais, bem como promover a igualdade de género, prevenir o HIV/SIDA e a violência; fortalecer as lideranças e capacidades técnicas de projectos existentes e novos Projectos no engajamento de rapazes e Homens na promoção da igualdade de género, apoiar sistemas de gestão de conhecimento que partilhem informação, recursos, instrumentos e melhores práticas de trabalho com rapazes e homens.
Com o recente crescimento de programas de saúde e direitos humanos na perspectiva de género focalizados no homem em Moçambique, estão criadas as condições para um crescimento harmonioso do país, onde todos são respeitados e são felizes nas suas vidas!
Nunca mais será como dantes!
Admiro Gama
* * *
mozambique nunca vai densenvolver…olha so pra o site ….PRETO & BRANCO????!!!!