Breves
7 de Abril: menos flores e mais justiça
A autora do texto afirma não ver motivos de comemoração do Dia da Mulher Moçambicana, num momento em que as organizações que lutam pelos direitos humanos estão a ser vigiadas e controladas.
A comemoração do 7 de Abril, este ano, sucede sob o signo sombrio e sofrido dos recentes acontecimentos, com a repressão de uma acção de rua e detenção de 5 activistas e a expulsão da companheira Eva Anadón Moreno.
Se considerarmos as versões oficiais caluniosas e difamatórias relativamente a estes eventos, que transformam a Eva numa manipuladora e aproveitadora e a luta contra a violência contra as raparigas na escola, numa acção vã e fútil de luta “pelas mini saias”, não temos motivos para comemorar o Dia da Mulher Moçambicana. As organizações que lutam pelos direitos humanos e pelos direitos humanos das mulheres estão sob ataque e vêm afectadas as suas potencialidades para intervir e para fazer a mudança, pois qualquer crítica sobre a actuação do Governo e das suas instituições é mal vista e interpretada como sendo da oposição. Aumentam os níveis de desconfiança e também o controlo.
Flores irão circular por todo o país e a todos os níveis, e serão entregues às mulheres com um grande sorriso, que esconde o pouco valor que lhe é dado e as situações discriminatórias que quotidianamente enfrenta. E o que acontecerá no dia 8 de Abril? Volta tudo ao normal, ao que sempre foi e ao que muitos acreditam que deve continuar a ser.
Querem comemorar de maneira verdadeira e honesta o Dia da Mulher Moçambicana? Por exemplo, tragam a Eva de volta. Lancem programas de combate à violência contra as raparigas na escola. Atribuam fundos para os programas da igualdade de género já aprovados, para que possam ser implementados. Que venham dirigentes políticos falar publicamente contra a violência de género.
E aí teríamos um glorioso Dia da Mulher Moçambicana. Sem flores, mas com justiça. Sem muitas palavras, mas com acções.
Maria José Arthur
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