Breves
5 de Julho: Marcha pela Paz
No sábado dia 5 de Julho, o Movimento da Sociedade Civil para a Paz organiza na Cidade de Maputo uma marcha para exigir o fim da violência militar.
A concentração é às 8 horas na Igreja Metodista Wesleyana, na Av. 24 de Julho 986. A partida da marcha está prevista para as 9 horas. Por volta das onze horas a marcha chega à Praça da Paz, onde será lida a Mensagem que se segue.
PARTICIPE!!!
EXIGIMOS A PAZ, JÁ!
Mensagem do Povo Moçambicano Repudiando a Guerra e Exigindo o Restabelecimento da Paz
Caras cidadãs Moçambicanas e caros cidadãos Moçambicanos
Caras irmãs e caros irmãos
Desde há mais de um ano que o povo moçambicano tem estado a sofrer os horrores da violência militar, uma vez mais!
Nas nossas estradas e nas nossas matas, voltou a jorrar sangue dos filhos de Moçambique, derramado em nome de causas obscuras e desconhecidas de todos nós.
Uma vez mais, jovens de tenra idade estão enterrando seus sonhos e planos de um futuro radiante, junto das suas famílias e levando nos caixões esperanças de felicidade das suas mães, dos seus pais e demais entes queridos.
Mulheres e homens, crianças, pessoas idosas, estão sendo deslocadas das suas casas, das suas machambas, construídas com tanto sacrifício.
Em diferentes localidades da Província Central de Sofala, milhares de moçambicanos, nossas irmãs e nossos irmãos, pais, mães e seus filhos menores, pessoas idosas voltaram a abrir as feridas que estavam a sarar, do conflito terminado em 1992, ao abandonar – uma vez mais! – as suas casas e as suas machambas, voltando a viver em esconderijos ou em campos de deslocados, fugindo da morte, sofrendo do frio e passando fome e, consequentemente, agravando a sua saúde tão precária!
Escolas e unidades de Saúde foram atacados e ou encerrados; profissionais da educação e saúde abandonaram seus postos de trabalho, deixando as crianças sem o direito à educação e o povo sem o mínimo cuidados de saúde.
Na Estrada Nacional Número Um, principal via de ligação entre o Norte e o Sul do País, há muito que se instalou o pânico, o medo, a insegurança física, e a morte, impedindo que o povo viaje em paz, ao encontro de parentes e amigos, ou em busca de meios de vida e de sustento de suas famílias.
Cidadãs Moçambicanas e cidadãos Moçambicanos
No dia 04 de Outubro de 1992, o governo Moçambicano e a RENAMO assinaram em Roma, em nome de todos nós, e perante o mundo inteiro, o Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de uma guerra fratricida e destrutiva, cuja memória gostaríamos de apagar para sempre, repito, para SEMPRE, das nossas mentes e dos nossos corações.
A assinatura do Acordo Geral de Paz foi o culminar de mais de dois anos de duras negociações entre as duas partes, cujos representantes, no primeiro comunicado conjunto que assinaram, ainda em Junho de 1990, declararam reconhecer-se como irmãos, e nessa medida, dispostos a valorizar mais o que os une, do que aquilo que os divide!
Para nós, povo moçambicano, a assinatura do Acordo Geral de Paz simbolizou o fim de uma era e de uma cultura – o fim da Era e da Cultura da Violência e o início da Era e da Cultura da Paz. Para nós todos, povo moçambicano, a assinatura do Acordo Geral de Paz, entre o Governo e a RENAMO simbolizou o estabelecimento de um PACTO de IRMANDADE, entre todos os moçambicanos; um PACTO de IRMANDANDE, garantindo que jamais entre nós iriamos recorrer à força das amas para resolver diferenças políticas.
Por isso, vivemos 20 anos de Paz, crentes e confiantes de que a paz tinha vindo para ficar!
E se vivemos 20 anos de paz, isso é prova evidente de que somos capazes de viver em paz; isso é prova evidente de que podemos conviver no respeito das nossas diferenças políticas; de que, como dizia a declaração de Junho de 1990, nos reconhecemos como irmãos e tempos capacidade para reconhecer e valorizar mais o que nos une, do que aquilo nos divide!
Irmãs Moçambicanas e irmãos Moçambicanos
Enquanto este filme de guerra vai correndo em frente dos nossos olhos, as duas partes em conflito – o governo e a RENAMO – vão-se reunindo, em Maputo, segundo os calendários da sua vontade e conveniência, num diálogo feito de monólogos, ao mesmo tempo que se cumprimentam, nas salas climatizadas da Assembleia da República, onde dizem que estão convivendo democraticamente…em nosso nome! E nós perguntamos: Afinal a quem Vossas Excelências representam na Assembleia da República? Porque, nós, que vos elegemos, estamos a morrer, todos os dias!
Enquanto este filme de guerra vai correndo em frente dos nossos olhos,, com as suas imagens de sangue e de dor, as forças políticas do nosso país, em particular as duas partes em conflito, vão dizendo que estão a preparar-se para nos pedir votos, nas eleições gerais no dia 15 de Outubro próximo. E nós, o povo, perguntamos: Afinal a quem quereis pedir voto, em Outubro próximo? Porque nós, o povo, nós, os vossos eleitores, estamos a morrer todos os dias!
E por isso, nós, o povo, nós que vós todos dizeis representar condignamente; nós todos, em cujo nome vós todos falais; nós cujos votos vós todos esperais em Outubro, nós viemos aqui exigir o nosso direito legitimo de participar no processo eleitoral, em condições de plena paz, segurança e tranquilidade! Pois só em ambiente de paz, segurança e harmonia pode falar-se de eleições livres, justas, transparentes e credíveis!
Com efeito, se a guerra não pára imediatamente, restabelecendo-se a paz em todo o território nacional, nós vamos declarar o dia das eleições, o dia 15 de Outubro de 2014, Dia de Luto Nacional, em memória de todos os nossos irmãos mortos neste conflito!
Irmãs Moçambicanas e irmãos Moçambicanos
O conflito político-militar que assola a nossa Pátria Amada há mais de um ano já fez demasiadas vítimas humanas e não pode ser mais tolerado! Quantos mortos e quantos deslocados!?
Nos moçambican@s, acreditamos em nós, enquanto povo pacífico e amante da paz!
Nós moçambican@s, acreditamos em nós, enquanto povo inteligente e sábio, e capaz de resolver pacificamente os seus diferendos, e que ama a vida e odeia a morte!
Nós, moçambican@s, militares de ambos os lados; jovens ou adultos; camponeses e camponesas deslocados das suas zonas de residência; nós todos: queremos sair das matas e regressar, HOJE MESMO, para junto das nossas famílias, para junto das nossas aldeias e das nossas machambas! Nós queremos continuar a percorrer o País livre da violência, queremos continuar a fazer o nosso comércio sem ameaças de morte!
Nós, moçambicanas e moçambicanos, homens e mulheres, jovens e pessoas idosas; camponeses, trabalhadores e profissionais de diferentes ramos de actividade; intelectuais; comerciantes; vendedores; estudantes; de Norte ao Sul, de Este a Oeste, do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Indico, dizemos e gritamos bem alto:
Não queremos a guerra!
Repudiamos a violência!
Basta de Violência Miliar!
Basta de Violência Politica!
E porque a Paz é Um Direito Humano e um Bem Precioso e Inalienável de Todo o Povo,
Nós Não Pedimos a Paz: Nós Exigimos a Paz!
Queremos a Paz, Já!
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